C/M Vanessa dando sua aula.
Em 2007 ao subir as escadas da academia do mestre Irani, me deparei com uma mulher alta e forte eu não sabia quem era ela. Eu não sabia que aquela mulher era a esposa do mestre Irani e não sabia que ela era capoeirista, alias eu não sabia que ela era capoeirista e também esposa do mestre Irani, (assim fica melhor) me refiro a C/M Vanessa, baiana arretada que já passou capoeirando por MG, RJ e hoje essa cidadã potiguar é com certeza um exemplo a ser seguido tanto pelas mulheres quanto por nós homens. Eu nunca mais olhei para aquela mulher alta apenas como uma mulher alta. Passei a percebê-la como uma exímia capoeirista que consegue transmitir emoção através do seu canto, do seu jogo e de sua alegria. Hoje eu me orgulho em conhecê-la, talvez eu não demonstre como devesse, mas aproveito a ocasião para expressar que além do meu orgulho em conhecê-la tenho um respeito e admiração enorme e sincero pela Tia Vanessa. Vamos ver o que ela nos conta.
RCDON: Raivosocdonatal;
C.MV: C.M Vanessa.
C.MV: C.M Vanessa.
1) RCDON: Como conheceu a capoeira e porque decidiu treinar?
C.MV: Conheci a capoeira mais de perto em 1990 em Itacare, Bahia, cidade de lindas praias onde sempre ia passar férias na casa de um tio, irmão de meu pai. Quando retornei para Itabuna pedi para dois amigos, os irmãos Kinho e Neném, que me levassem pra uma academia, pois sabia que eles praticavam. Decidi treinar porque me apaixonei pela capoeira de uma maneira inexplicável, queria aprender e conhecer mais.
Inicialmente comecei treinando com esses dois amigos e havia uma turma que treinava junto. Todos acabaram indo para a academia de Dionísio (Dinho), chamada Ginga e Expressão, que funcionava no Espaço Cultural no bairro da Conceição. Dinho, juntamente com Carlinhos, estava entre os melhores capoeiristas alunos do Mestre Valdeci.
Nos anos de 1992 e 1993 fui morar na cidade de Viçosa, interior de Minas Gerais, com minha mãe que ia a estudo. Nesse período, treinei com uma turma na Universidade Federal de Viçosa, sob a coordenação do Mestre Zé Paulo de Belo Horizonte (Grupo Ginga) e quem ministrava as aulas era um baiano chamado Raul.
Voltando a morar em Itabuna em dezembro de 1993, voltei a treinar com Dinho, fiquei uns dois meses somente com ele e fui treinar com Mestre Valdeci, na Academia Plaza de Itabuna, situada no Jardim do Ó. Era uma academia de capoeira muito visitada nas rodas dos sábados a tarde, pra mim um grande momento. Nunca mais consegui deixar a capoeira.
2) RCDON: Qual sua relação com a capoeira? ( sua historia na capoeira)
C.MV: Minha relação com a capoeira é de amor e respeito, porque hoje ela se confunde com a minha própria historia. Dos 32 anos de vida, já tem quase 20 que vivo neste meio.
Comecei a dar aula de capoeira em 1996, fui fazer Educação Física em 1997 e sempre busquei melhorar e aprender, como capoeirista, como professora e como ser-humano. A capoeira me ensinou e me ensina muito. Foi na capoeira que fiz meus melhores amigos e as melhores viagens, conheci boa parte do Brasil ao som do berimbau, foi na capoeira que casei e tive a minha filha.
Sinto felicidade em construir minha família na capoeira, acredito que somos pessoas especiais. O Mestre Luis Medicina me fez acreditar nisso.
3) RCDON: Qual a atividade que você desenvolve com a capoeira? (trabalhos com a capoeira)
C.MV: Já dei aulas em muitos lugares – escolas, academias, projetos, comunidades rurais, clubes esportivos. Tenho alunos espalhados por alguns lugares do nosso pais, pois nesses últimos 10 anos Natal é a quarta cidade que resido.
Apesar de ter começado a dar aula e batizar alunos em Itabuna, tive as melhores experiências em trabalhos realizados em Viçosa (MG) e em Petrópolis (RJ). Talvez por estar longe do grupo e ser forcada a assumir todas as responsabilidades com a capoeira. Foi um período de muito crescimento.
Me formei em Educação Física na UFV em março de 2003 e agora em 2009 conclui o mestrado em Educação na UFRN, com dissertação sobre a capoeira nas escolas de Natal. Neste período ingressei na graduação em Fisioterapia, que irei concluir em 2010.
Atualmente, tento conciliar e dialogar com os conhecimentos que adquiri nesse tempo. Estou desenvolvendo a capoeira para pessoas com deficiências e meu objetivo é permitir a inclusão social efetiva dessas pessoas através da capoeira. Desenvolvo também aulas de capoeira em uma escola onde sou professora de Educação Física.
Além disso estou sempre viajando através da capoeira, gosto de ministrar cursos de confecção de berimbau e sobre aspectos variados da capoeira (história, técnicas e outros), trazendo as contribuições possíveis. Gosto de viajar e conhecer pessoas na capoeira, ver outras maneiras de jogar e de trabalhar com a capoeira, de fazer novos amigos.
4) RCDON: Como você vê a importância da mulher na capoeira?
C.MV: A mulher é importante para a capoeira e vice-versa.
A mulher confere à capoeira maior respeito por parte da sociedade, e as crianças também. Ambientes com mulheres e crianças transmitem mais confiança para as pessoas.
Da mesma maneira a capoeira é muito importante para a mulher, pois exercita seu corpo, seu espírito, sua socialização e sua história.
A capoeira ainda é um campo de batalha para a mulher, mas acho bom, tem muito o que se conquistar ainda na roda e na sociedade.
5) RCDON: O que está faltando para melhorar a capoeira feminina?
C.MV: Mais apoio para que as mulheres não desistam tanto como acontece devido a chegada de filhos e outras necessidades.
Fora isso pra melhorar precisa sempre treinar e estudar a capoeira, sempre.
6) RCDON: Como está a capoeira feminina no nordeste do país?
C.MV: Tem ótimas capoeiristas no nordeste do país, mas ainda são a minoria nas academias de capoeira nessa região. No sudeste e sul, já se percebe maior numero de mulheres praticando capoeira, em muitas academias elas são a maioria.
Acredito que o fator da cultura nordestina ter o machismo como uma característica marcante dificulta a maior presença das mulheres na capoeira. A própria mulher é machista no nordeste.
7) RCDON: Para você o que é ser mestre de capoeira, como é sua relação com o mestre e o que ele representa?
C.MV: Conheci a capoeira mais de perto em 1990 em Itacare, Bahia, cidade de lindas praias onde sempre ia passar férias na casa de um tio, irmão de meu pai. Quando retornei para Itabuna pedi para dois amigos, os irmãos Kinho e Neném, que me levassem pra uma academia, pois sabia que eles praticavam. Decidi treinar porque me apaixonei pela capoeira de uma maneira inexplicável, queria aprender e conhecer mais.
Inicialmente comecei treinando com esses dois amigos e havia uma turma que treinava junto. Todos acabaram indo para a academia de Dionísio (Dinho), chamada Ginga e Expressão, que funcionava no Espaço Cultural no bairro da Conceição. Dinho, juntamente com Carlinhos, estava entre os melhores capoeiristas alunos do Mestre Valdeci.
Nos anos de 1992 e 1993 fui morar na cidade de Viçosa, interior de Minas Gerais, com minha mãe que ia a estudo. Nesse período, treinei com uma turma na Universidade Federal de Viçosa, sob a coordenação do Mestre Zé Paulo de Belo Horizonte (Grupo Ginga) e quem ministrava as aulas era um baiano chamado Raul.
Voltando a morar em Itabuna em dezembro de 1993, voltei a treinar com Dinho, fiquei uns dois meses somente com ele e fui treinar com Mestre Valdeci, na Academia Plaza de Itabuna, situada no Jardim do Ó. Era uma academia de capoeira muito visitada nas rodas dos sábados a tarde, pra mim um grande momento. Nunca mais consegui deixar a capoeira.
2) RCDON: Qual sua relação com a capoeira? ( sua historia na capoeira)
C.MV: Minha relação com a capoeira é de amor e respeito, porque hoje ela se confunde com a minha própria historia. Dos 32 anos de vida, já tem quase 20 que vivo neste meio.
Comecei a dar aula de capoeira em 1996, fui fazer Educação Física em 1997 e sempre busquei melhorar e aprender, como capoeirista, como professora e como ser-humano. A capoeira me ensinou e me ensina muito. Foi na capoeira que fiz meus melhores amigos e as melhores viagens, conheci boa parte do Brasil ao som do berimbau, foi na capoeira que casei e tive a minha filha.
Sinto felicidade em construir minha família na capoeira, acredito que somos pessoas especiais. O Mestre Luis Medicina me fez acreditar nisso.
3) RCDON: Qual a atividade que você desenvolve com a capoeira? (trabalhos com a capoeira)
C.MV: Já dei aulas em muitos lugares – escolas, academias, projetos, comunidades rurais, clubes esportivos. Tenho alunos espalhados por alguns lugares do nosso pais, pois nesses últimos 10 anos Natal é a quarta cidade que resido.
Apesar de ter começado a dar aula e batizar alunos em Itabuna, tive as melhores experiências em trabalhos realizados em Viçosa (MG) e em Petrópolis (RJ). Talvez por estar longe do grupo e ser forcada a assumir todas as responsabilidades com a capoeira. Foi um período de muito crescimento.
Me formei em Educação Física na UFV em março de 2003 e agora em 2009 conclui o mestrado em Educação na UFRN, com dissertação sobre a capoeira nas escolas de Natal. Neste período ingressei na graduação em Fisioterapia, que irei concluir em 2010.
Atualmente, tento conciliar e dialogar com os conhecimentos que adquiri nesse tempo. Estou desenvolvendo a capoeira para pessoas com deficiências e meu objetivo é permitir a inclusão social efetiva dessas pessoas através da capoeira. Desenvolvo também aulas de capoeira em uma escola onde sou professora de Educação Física.
Além disso estou sempre viajando através da capoeira, gosto de ministrar cursos de confecção de berimbau e sobre aspectos variados da capoeira (história, técnicas e outros), trazendo as contribuições possíveis. Gosto de viajar e conhecer pessoas na capoeira, ver outras maneiras de jogar e de trabalhar com a capoeira, de fazer novos amigos.
4) RCDON: Como você vê a importância da mulher na capoeira?
C.MV: A mulher é importante para a capoeira e vice-versa.
A mulher confere à capoeira maior respeito por parte da sociedade, e as crianças também. Ambientes com mulheres e crianças transmitem mais confiança para as pessoas.
Da mesma maneira a capoeira é muito importante para a mulher, pois exercita seu corpo, seu espírito, sua socialização e sua história.
A capoeira ainda é um campo de batalha para a mulher, mas acho bom, tem muito o que se conquistar ainda na roda e na sociedade.
5) RCDON: O que está faltando para melhorar a capoeira feminina?
C.MV: Mais apoio para que as mulheres não desistam tanto como acontece devido a chegada de filhos e outras necessidades.
Fora isso pra melhorar precisa sempre treinar e estudar a capoeira, sempre.
6) RCDON: Como está a capoeira feminina no nordeste do país?
C.MV: Tem ótimas capoeiristas no nordeste do país, mas ainda são a minoria nas academias de capoeira nessa região. No sudeste e sul, já se percebe maior numero de mulheres praticando capoeira, em muitas academias elas são a maioria.
Acredito que o fator da cultura nordestina ter o machismo como uma característica marcante dificulta a maior presença das mulheres na capoeira. A própria mulher é machista no nordeste.
7) RCDON: Para você o que é ser mestre de capoeira, como é sua relação com o mestre e o que ele representa?
C.MV: Pra mim ser mestre é ter sabedoria.
Considero ter dois mestres, o Mestre Valdeci (Magrelo) e o Mestre Irani, com cada um deles tenho uma relação diferente, até porque Irani é meu marido. Mas os dois, na capoeira, representam fonte de muito aprendizado e afeto.
O Mestre Valdeci me ensinou muito, aturou minha adolescência e entrada para a vida adulta, foi o responsável pela minha permanência na capoeira. Hoje sinto por ele morar na Itália e estar distante, mas é a vida. O Mestre Irani é a pessoa que troco e compartilho o dia-a-dia da capoeira hoje, aprendo muito com ele e gostaria de ter mais tempo para treinar mais com ele.
8) RCDON: Quais são seu planos para o futuro?
Considero ter dois mestres, o Mestre Valdeci (Magrelo) e o Mestre Irani, com cada um deles tenho uma relação diferente, até porque Irani é meu marido. Mas os dois, na capoeira, representam fonte de muito aprendizado e afeto.
O Mestre Valdeci me ensinou muito, aturou minha adolescência e entrada para a vida adulta, foi o responsável pela minha permanência na capoeira. Hoje sinto por ele morar na Itália e estar distante, mas é a vida. O Mestre Irani é a pessoa que troco e compartilho o dia-a-dia da capoeira hoje, aprendo muito com ele e gostaria de ter mais tempo para treinar mais com ele.
8) RCDON: Quais são seu planos para o futuro?
C.MV: Tenho vários, as vezes até me perco no meio deles. Os primeiros agora na capoeira é fortalecer meu trabalho em Natal, uma vez que não pretendo mudar de cidade ... já amarrei meu bode por aqui. E o outro é fazer doutorado, trazendo mais uma vez a capoeira para o meio acadêmico, marcar território mesmo.
9) RCDON: Quais são os momentos marcantes que você lembra em sua trajetoria?
C.MV: A minha formatura em Itabuna, que foi surpresa. Alguns eventos e shows que realizei em Viçosa e em Petrópolis. Em Natal, os mais marcantes foram a defesa do meu trabalho de mestrado na UFRN, sendo o primeiro com a temática da capoeira num programa de pós-graduação de 30 anos, e o Encontro Feminino agora em 2009.
10) RCDON: Além de você tem outras mulheres que se destacam no grupo Cordão De Ouro?
C.MV: Sim. No grupo hoje a única mestra é a Morena, de Guaratinguetá, pessoa que tenho muito carinho e admiração. De contramestra eu, a Paulinha Zumba e a Lu Pimenta. O Mestre Suassuna tinha uma aluna contramestra muito boa de capoeira, mas não está mais atuando. Algumas professoras e instrutoras também estão com ótimos trabalhos. A tendência é sempre ir renovando, chegando pessoas novas. Pena que em relação aos homens ainda somos poucas, temos poucas referencias femininas na capoeira em geral, não só na Cordão de Ouro.
11) RCDON: Como sua família vê você na capoeira?
C.MV: Bem.. aí já é mais complicado!
Meu avô paterno era escrivão de polícia, numa época em que capoeirista era sempre considerado vagabundo, e muitas vezes era. La em Itabuna dizem que ele jamais poderia sonhar que teria uma neta capoeirista, mas são as voltas do mundo.
Meus pais sempre me apoiaram em tudo, com exceção para a capoeira, preferiam sempre que eu estudasse e trabalhasse. Mas resisti e hoje construo minha família na capoeira. Quando minha filha nasceu foi a ultima esperança que minha mãe tinha que eu deixasse a capoeira, mas continuo resistindo apesar das dificuldades. Acho que hoje eles aprenderam a respeitar, entender ainda não, mas já é um ganho.
9) RCDON: Quais são os momentos marcantes que você lembra em sua trajetoria?
C.MV: A minha formatura em Itabuna, que foi surpresa. Alguns eventos e shows que realizei em Viçosa e em Petrópolis. Em Natal, os mais marcantes foram a defesa do meu trabalho de mestrado na UFRN, sendo o primeiro com a temática da capoeira num programa de pós-graduação de 30 anos, e o Encontro Feminino agora em 2009.
10) RCDON: Além de você tem outras mulheres que se destacam no grupo Cordão De Ouro?
C.MV: Sim. No grupo hoje a única mestra é a Morena, de Guaratinguetá, pessoa que tenho muito carinho e admiração. De contramestra eu, a Paulinha Zumba e a Lu Pimenta. O Mestre Suassuna tinha uma aluna contramestra muito boa de capoeira, mas não está mais atuando. Algumas professoras e instrutoras também estão com ótimos trabalhos. A tendência é sempre ir renovando, chegando pessoas novas. Pena que em relação aos homens ainda somos poucas, temos poucas referencias femininas na capoeira em geral, não só na Cordão de Ouro.
11) RCDON: Como sua família vê você na capoeira?
C.MV: Bem.. aí já é mais complicado!
Meu avô paterno era escrivão de polícia, numa época em que capoeirista era sempre considerado vagabundo, e muitas vezes era. La em Itabuna dizem que ele jamais poderia sonhar que teria uma neta capoeirista, mas são as voltas do mundo.
Meus pais sempre me apoiaram em tudo, com exceção para a capoeira, preferiam sempre que eu estudasse e trabalhasse. Mas resisti e hoje construo minha família na capoeira. Quando minha filha nasceu foi a ultima esperança que minha mãe tinha que eu deixasse a capoeira, mas continuo resistindo apesar das dificuldades. Acho que hoje eles aprenderam a respeitar, entender ainda não, mas já é um ganho.
2 comentários:
parabéns a entrevista com ac/mestra vanessa está show!
idalino cdo
grupo cordão de ouro santa cruz rn
Su blog es simplemente genial, muy rico en relación a la capoeira, muchas felicitaciones...
Tengo el orgullo de sentirme una hija mas de esa madre de Capoeira... Vanessa! Eis uma guía no caminho de muitas pessoas...
Muito obrigada por tudo, você mereçe muitos espaços como esse.
Raivoso!!! Meus Parabens!!=)
Instructora Chiquinha.
Centro cultural y deportivo Capoeira Raça.
SANTIAGO-CHILE.
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