domingo, 20 de fevereiro de 2011

Capoeira Regional

Símbolo da Capoeira Regional

Em 1932, Mestre Bimba fundou sua primeira academia no Engenho Velho de Brotas com o nome de Centro de Cultura Física Regional.
Em 1937, conseguiu o registro de sua academia junto á Secretaria de Educação Saúde e Assistência Pública de Salvador.
Em 1942, fundou sua segunda academia no Terreiro de Jesus na Rua Francisco Muniz Barreto, antiga Rua das Laranjeiras, onde funcionamos até hoje.
Manuel dos Reis Machado, o Mestre Bimba faleceu em 05/02/1974 no hospital das clínicas de Goiânia, vitima de enfarte, e seus restos mortais encontram-se na Igreja do Rosário dos Pretos - (Pelourinho).
NOMES DE  TOQUES DA CAPOEIRA REGIONAL
AMAZONAS 
CAVALARIA
SANTA MARIA
BANGUELA
IDALINA
SÃO BENTO GRANDE DO MESTRE BIMBA
IÚNA
HINO DA CAPOEIRA REGIONAL – É um toque de saudação no encerramento das atividades da capoeira regional.
A CAPOEIRA REGIONAL BAIANA - PASSADO E PRESENTE
Manoel dos Reis Machado, nasceu em 23 de Novembro de 1899, depois das pesquisas na Freguesia de Brotas, Engenho Velho em Salvador – Bahia.
Filho de Luís Cândido Machado, batuqueiro e de dona Maria Martinho do Bonfim.
Esse nome de guerra Bimba, surgiu de uma aposta entre a sua mãe e a parteira disse que seria um homem a palavra Bimba origina-se de órgão genital masculino.
Ao longo dos anos o senhor Manuel dos Reis Machado foi carregador e teve outras profissões como “ bico” para sobreviver, sendo que a sua real profissão foi a de mestre de capoeira. Lógico que nesta época era muito difícil sobreviver do oficio da capoeira pois todos os capoeiristas eram marginalizados sem oportunidades e por não ser alvo da manipulação do governo da época a capoeira era vista como uma ameaça a ordem e aos bons costumes. Apenas um delegado “calça curta” Pedro de Araújo Gordilho “ Pedrito” que era o maior perseguidor de todos os capoeiristas tiveram resistência, souberam disfarçar a nobre arte escondendo-a no folclore, nos terreiros de candomblé, a capoeira, nessa época fica cada vez mais escassas a repressão, tira aos poucos sua espontaneidade, sua essência. Os mestres de capoeira antigos continuam resistindo, mas é inevitável que esta capoeira antiga que tinha no máximo 10 golpes e pouca conservação na sua originalidade ou essência. Faltava o grito de liberdade que a capoeira esperava de todos os mestres da capoeira antigas e até mesmo dos “pseudo angola”, mas não foi desta vez que os negros iriam se unir para fortalecer e lembrar dos nossos ancestrais da nossa verdadeira história cultural. A capoeira antiga perdeu um pouco sua força de união, então mais uma vez ainda não era o momento. Com isso foram surgindo as mudanças inevitáveis com o aparecimento da LUTA REGIONAL BAIANA que subiu no ringue mostrando sua forma eficiente de lutar a capoeira, sendo então desenvolvida por Manoel dos Reis Machado (Mestre Bimba) conhecedor do batuque antiga luta de negros e também conhecedor da capoeira antiga com esta junção denominou-se LUTA REGIONAL BAIANA, isto, na década de 20, para ser mais preciso 1928, com isso o grande mestre Bimba tornou-se o rei da capoeira e da Capoeiragem Baiana, como tinha grande espírito de mudança e com inteligência apurada introduziu golpes de outras lutas marciais na sua luta regional baiana, isto aconteceu ao longo dos anos ou até mesmo a cada 10 anos essas mudanças eram freqüentes, Mestre Bimba retirava alguns golpes que achava que não mais era eficiente, muitos movimentos e golpes ficaram em desuso.
Se a capoeira antiga primava pelos movimentos harmônicos, leves e procurando buscar a malícia, a destreza, a sagacidade e num momento de descuido ou do erro do seu companheiro vinha o ataque mostrando sua força.
Mestre Bimba aplicando um desequilibrante

Já na LUTA REGIONAL BAIANA primava pela definição dos golpes usado as táticas do seu movimentos e golpes rápidos para finalizar seus adversários.
Em 1932, Mestre Bimba fundou a primeira academia, no clube União em apuros, situado á rua do Bângala, ensinou também na Roça do Lôbo, espaço utilizado mais tarde para os cursos de especialização dos alunos já formados pelo Mestre Bimba.
Em 1937, Mestre Bimba registra sua academia na Secretaria de Educação Saúde e Assistência Pública, ensinando capoeira também no CPOR, algum tempo depois com a ajuda de amigos e discípulos inaugurou sua segunda academia no ano de 1942 situada á Rua das Laranjeiras, 01 – Pelourinho sendo que este foi o espaço mais importante da sua vida, por estar localizado no centro da cidade e próximo a Faculdade de Medicina onde inclusive possuía vários alunos da própria faculdade e também estudantes de outras áreas, mantida até hoje aberta, conservado toda sua originalidade.
Todos os contatos do Mestre Bimba eram realizados sempre através do Dr. Decânio que organizava tudo, desde o aluguel do espaço no antigo Maciel de cima até sua transferência para a Rua das Laranjeiras, esta rua era bem mais tranqüila.
Dr. Decânio inclusive foi uma das pessoas mais importante para o Mestre Bimba, pois além de ajudá-lo era um bom discípulo.
A Luta Regional Baiana só realmente ganhou notoriedade devido ao empenho do Dr. Decânio na época do Mestre Bimba, do seu apoio e de influência nos contatos na Cidade do Salvador.
Este mesmo espaço, continua tendo com proprietária do imóvel a Venerável Ordem Terceira de São Domingos de Gusmão. Na época em que esteve á frente do Centro de Cultura Física Regional, Mestre Bimba teve a oportunidade de conhecer diversas autoridades e empresários ligados á Bahia.
Em 23 de julho de 1953, o então Presidente da República Getúlio Vargas teve oportunidade de assistir no Palácio, a uma exibição de capoeiristas, nesta época o governo estava sob o comando do então governador da Bahia, Dr. Régis Pacheco. Após esta data houve a legalização.
Sabia-se que havia interesses por trás do governo para que a capoeira fosse legalizada, como disse Getúlio Vargas ela viria a ser o único esporte genuinamente nacional, com isto o governo se popularizou deixando claro que governava para os pobres.
No ano de 1955, ingressa para o Centro de Cultura Física Regional, o senhor José Carlos Andrade Bittencourt , mas tarde por sugestão do Mestre Bimba passou a ser chamado Vermelho, fez todas as etapas do curso com Mestre Bimba, formando-se em 1956, sendo definitivamente conhecido como Vermelho de Mestre Bimba. Sem dúvida assim como Vermelho e outros discípulos do Mestre Bimba após fazer o curso não freqüentava muito o Centro de Cultura Física Regional, indo somente de vez em quando para rever os amigos e beber algumas (BH) cervejas, e em época de formatura para beber a “mulher barbada” do mestre Bimba.
Já na década de 60, as dificuldades para Mestre Bimba começaram a ficar mais visível, pois ele já não possuía a mesma força do seu auge, mas contava com alguns alunos novos que iam ingressando aos poucos no Centro de Cultura Física. Assim, o mestre e rei da capoeira ia tocando sua vida.
Em 1968, foi realizado na cidade do Rio de Janeiro o II simpósio Brasileiro de Capoeira, nesta mesma época Mestre Bimba comemorava seus 40 anos de Luta Regional Baiana, foi um simpósio marcado por contradições com vários objetivos de definir tudo ou quase tudo sobre cada mestre, suas tradições e origens, mas o Mestre Bimba não ficou para ver o fim da festa, citando esta frase na minha Regional mando eu, pois “quem não toma conta de si o diabo toma”, por outro lado essa unificação da capoeira juntamente com todos os seus aspectos culturais não estavam nos planos do Mestre Bimba. Não podemos esquecer que tudo já estava aí há muito tempo, os balões, os golpes ligados e outros mestres de capoeira também aplicava-os, mas o Mestre Bimba o desenvolveu para sua Luta Regional Baiana, sem dúvida este seminário estaria propondo mudanças ou evolução da capoeira para que ela se transformasse, hoje percebemos que a coisa tomou outras proporções.
Mestre Vermelho, aluno do Mestre Bimba realizou a ultima apresentação na Refinaria em Madre de Deus (Mataripe) local onde ele trabalhava, foi a ultima exibição que se chamou “Despedida do adeus” em que o mestre ganhou uma quantia em dinheiro , o que servia para ajudar nas despesas com sua família.
Já velho, cansado e sem ajuda dos poderes públicos o mestre dos mestres e rei da capoeira procurava lutar pela sobrevivência de sua família e sua também.
Mestre Bimba foi um educador na arte da capoeira, e sua fama correu solta também dentro da Faculdade de Medicina, onde tinha muitos alunos, inclusive alguns sabiam de todas a dificuldades enfrentadas pelo mestre, mas muitos não tinham coragem de ir treinar nem levar alunos para o Centro de Cultura Física por ser um lugar reconhecidamente habitado por pessoas de baixa renda, viciados em drogas, prostitutas, enfim o que havia de pior no local, poucos discípulos se arriscavam a freqüentar um local como era o Pelourinho antes, daí o Mestre Bimba iniciou uma peregrinação para que aquele espaço que era muito valioso encontrasse uma pessoa que desse continuidade em ensinar a Capoeira Regional Baiana, oferecendo o ponto a quase todos os seus discípulos, que ali estavam e sabiam das suas dificuldades, muitos não quiseram por ser um local de marginalidade, ninguém queria ser visto saindo daquele lugar, então chegou a vez do Mestre Vermelho funcionário da Petrobrás onde trabalhava na função de operador de processo aceitar a empreitada, desafio aceito Mestre Vermelho continuou ali ensinando a luta regional, isto em 1973.
O sonho não acabou, e o antigo nome permaneceu no antigo espaço com a mesma placa pois era desejo do Mestre Bimba, mas até que ponto todos os discípulos dos grandes mestres de capoeira sabiam o real valor cultural que seus mestres estavam representando na época. Acreditamos que nenhuma pessoa imaginara as dimensões que a capoeira viria a tomar, entendemos que Mestre Bimba segurou no sonho que ia mudar para Goiânia /Go através de seu aluno Oswaldo que o levou fazendo muitas promessas mas cumprindo apenas uma retirando o velho mestre da Bahia , nada diferente do que acontece hoje, sendo que hoje os mestres de capoeira estão mais organizados e estruturados contra todos que tentam prostituir esta nobre arte.
Após seu falecimento em Goiânia vitima de um derrame cerebral seguido de parada cardíaca vindo á falecer em 05 de Fevereiro de 1974.
Ao tomar conhecimento da morte de seu Mestre, Vermelho fechou as portas do Centro de Cultura Física Regional por 03 dias, então agora já Mestre, Mestre Vermelho com o fim da ditadura militar e com a abertura para as entidades de bairros e associações serem registradas. Mestre Vermelho, não deixou por menos, como um grande família que era os discípulos do Mestre Bimba resolveu registrar o novo espaço em homenagem ao seu mestre, substituiu o Centro de Cultura Física Regional pelo nome de Associação de Capoeira Mestre Bimba fundada em 02 de Julho de 1975, assim começava seu trabalho de capoeira que aprendeu com o Mestre Bimba.
Vale ressaltar que nem todos os discípulos do Mestre Bimba era completo de sua Regional Baiana, uns só tocavam, outras cantavam e outros só sabiam jogar. É importante que todos saibam que Mestre Bimba não tinha em mente desde o inicio da sua Luta Regional Baiana um plano piloto no sentido de que toda sua tradição fosse perpetuada através dos seus discípulos. Como já sabemos tudo foi fragmentado, quem tinha dom para tocar tocava, para cantar cantava, para discurso em dia de formatura era o orador, foi assim que transcorreu um pouco desta história. Os que visualizaram muito longe o desenvolvimento da capoeira, buscou atualizar seus conhecimentos muito antes.
Mestre Vermelho teve um breve acordo com o Mestre Ezequiel no sentido de que ele pudesse ajudá-lo ensinando capoeira também na casa do seu mestre o que para ele seria uma honra, muito pelo prazer de ensinar resistiu ao temperamento do Mestre Vermelho pouco menos de 01 ano.
De 1975 á 1990 Mestre Vermelho suportou de tudo com o objetivo de não fechar a Associação, já que era muito difícil administrá-la, primeiro ensinar a capoeira do Mestre Bimba, entre seminários, campeonatos, regras e Mestre Vermelho com receio de estar fazendo algo diferente do que foi ensinado pelo Mestre Bimba, guerra entre os ex-discípulos, disputa para saber quem era o melhor etc..., como alguns que já se julgavam o dono da capoeira regional. Conheço vários que prefiro não citar nome nunca houvera sido visto em uma roda de capoeira regional.
Enfim vários foram os mestres que ajudaram Mestre Vermelho entre eles podemos citar: Mestre Vermelho Boxel, Bahia, Boa Gente, Bando, Coringa, Almiro, Manuel, Bamba, Ferro Velho. Estes resistiram a tudo e a todos.
Mestre Vermelho resolveu prestar a si mesmo uma homenagem que antes ninguém nunca havia feito, agora já Mestre Vermelho 27 que ele mesmo acrescentou ao seu nome, pois quando aqui tudo era ruínas ninguém queria se aproximar, hoje que já faz parte da história todos ambicionam estar neste lugar.
Mestre Vermelho 27 nunca foi bem visto na sociedade por ser maluco (no bom sentido) mas enfim foi um aluno do Mestre Bimba.
Não podemos deixar de informar que os restos mortais do Mestre Bimba foram transladados para Salvador em 1978, sendo depositado em 5 de Fevereiro de 1994 no jazigo nº 194 da 3ª. Ordem do Carmo no Centro Histórico de Salvador, nesta data todos alunos presente á Associação de Capoeira Mestre Bimba participou da solenidade. Desejamos que o Mestre Bimba encontre a paz.
Morreu Mestre Bimba morreu, morreu Mestre Vermelho 27, morreu Mestre Ezequiel, mas estamos preservando o antigo Centro de Cultura Física Regional e hoje a Associação de Capoeira Mestre Bimba. Hoje a Associação é presidida por Rubens Costa Silva (Mestre Bamba), sendo a vice-presidente a historiadora Dalva Dias Lima Silva (esposa do Mestre Bamba).
O JOGO DA CAPOEIRA
Para acalmar os ânimos usa-se a racionalidade, deixa-se de lado as diferenças. O momento era de fazer somente as marcações objetivando mais o respeito e a educação esportiva entre os capoeiristas, também usava-se a manha a malicia uma sincronia perfeita no toque da BANGUELA do berimbau.
Em um certo instante o toque da Iúna chegava com ele um formado do Mestre Bimba, era o momento de respeito para com os mais velhos. Era hora de mostrar os balões da cintura desprezada evidenciando o status na turma de bimba.
O mestre Bimba não acreditava em capoeira angola como forma de luta. Para ele era só exibição e assim era seu Bimba, um capoeirista cheio de mistério, que todos os seus adversários descobriria quando ele estava no ringue e os adversários na lona.
ESTE ERA SEU BIMBA!!!!!!


Fonte: Associação de Capoeira Mestre Bimba

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Mestre Bimba

MANOEL DOS REIS MACHADO   
Nasceu em 23 de Novembro de 1900
Faleceu em 05 de Fevereiro de 1974 
Residência: Sítio Coroano  nº 57 - Nordeste de Amaralina
Comercial: Rua Francisco Muniz Barreto  nº 01 - Pelourinho
Profissão: Professor de Capoeira
Local de Trabalho: Residência
Nº Carteira de Identidade 318.72 - Instituto Pedro Mello
Altura:1,93
Peso: 89 quilos
Filiação: Luiz Cândido Machado/Maria Martinha do Bomfim
Documento obtido na Comissão de Desportos da Aeronáutica no Estado da Guanabara, - 2º simpósio sobre capoeira realizado na Academia de Força Aérea (AFA) entre os dias 08 e 09/11 /69 sábado e domingo. 
Manoel dos Reis Machado, nasceu na Periferia do bairro de Brotas, recebeu de “batismo” o nome BIMBA, em decorrência de uma aposta feita entre a sua mãe e a parteira que dizia ser um menino.
Surge aí o apelido BIMBA!
O primeiro local onde Mestre Bimba treinou capoeira era  conhecido como  Estrada dos Boiadeiros no bairro da Liberdade,  seu primeiro mestre foi o Africano Bentinho capitão da Companhia de  Navegação Baiana.
Mestre Bimba, iniciou a capoeira  aos 12 anos de idade. Seu curso teve a duração de 04 anos e  o método era a capoeira antiga, esta mesma capoeira ele conseguiu ensinar por 10 anos, o local das aulas era conhecido como “Clube União em apuros”, no bairro da Liberdade  (bairro este habitado por pessoas na sua maioria de pele negra). 
Desta forma a capoeira foi reconhecida como “Esporte nacional” e o mestre Bimba reconhecido pela Secretaria de Educação e Assistência Pública  do Estado da Bahia com Professor de Educação Física e sua academia foi a pioneira no Brasil á ser reconhecida por Lei.
Uma personalidade da vida política  e social, que desfrutava sempre se sua companhia, era o governador da Bahia Dr. Joaquim de Araújo Lima.
No ano de 1929, Manuel dos Reis Machado com sabedoria exemplar resolveu desenvolver um estilo diferente da capoeira Angola, fazendo a junção do Batuque com a capoeira de Angola, surge aí a Capoeira Regional que ano á ano vem sempre desenvolvendo mudanças  mais eficientes, como forma de luta.
A graduação,  aquela época era caracterizada por lenços.
Em 1932 fundou sua primeira academia no bairro do Engenho Velho de Brotas. Oficialmente a primeira academia de capoeira a ter seu alvará de funcionamento datado de 23 de Junho de 1937.
No mesmo ano, fez á primeira apresentação do seu trabalho para o interventor general Juraci Magalhães, onde havia presentes autoridades civis, militares entre outros  convidados ilustres. 
Em 1939, Mestre  Bimba ensinou capoeira no Quartel do CPOR.
Em 1942 instalou sua segunda academia.



Em 1953, Mestre Bimba se apresentou para o presidente Getúlio Vargas, este declarou ser a Capoeira o único esporte verdadeiramente nacional.








Mestre Bimba e alguns alunos de Capoeira, estudantes de Medicina, nos anos 20


Como a capoeira não era bem vista aos olhos da sociedade, Mestre Bimba resolveu registrá-la como Centro de Cultura Física Regional, localizada na Rua Francisco Muniz Barreto. 01 – Pelourinho.
Em 1972, realizou a última formatura do centro de cultura física regional, nesta formatura o (Mestre Vermelho*) foi o orador.
Manoel dos Reis Machado, o mestríssimo Mestre Bimba, é o pai da capoeira regional. Aprendeu capoeira aos 12 anos de idade, com o mestre africano Bentinho. Já adulto, exerceu funções de destaque para a cultura baiana. Foi alabê no candomblé, função de zelador do terreiro. Pelo porte grande e respeito que imprimia, ganhou o apelido de Rei Negro e era saudado pelo grito de guerra "Bimba é bamba!". Em 1949, o escritor Monteiro Lobato o conheceu e lhe dedicou o conto Vinte e dois de Marajó, que conta a história de um marinheiro capoeirista.
a.B e d.B (antes de Bimba e depois de Bimba). Assim podem ser entendidas as mudanças sofridas pela capoeira no início de século. Antes de Bimba, a luta era ilegal, passível de punição pelo Código Penal, discriminada pela burguesia como coisa de malandro, de escravo fujão. Os capoeiristas sequer sonhavam em sobreviver dessa manifestação popular.
Bimba rompeu com este ranço. Deixou as funções de carroçeiro, trapicheiro, carpinteiro, doqueiro, carvoeiro para abraçar a capoeira e o seu instrumento mais ilustre, o berimbau, hoje identificado como símbolo da Bahia nos 5 continentes. Porém, no Brasil, só em 1999 a capoeira e o berimbau tiveram seus termos, como abadá e aú, incluídos na edição do Dicionário Aurélio, livro referência da língua portuguesa.
Se estivesse vivo, Mestre Bimba completaria 107 anos em novembro último. Morreu aos 74 anos, em Goiânia, sem presenciar a profissionalização da capoeira que ajudou a criar. "Meu pai morreu de banzo (tristeza), por não ver a capoeira respeitada", revela o filho Demerval machado, o Mestre Formiga.
Mestre Bimba acreditava que a capoeira tinha que se renovar para não ser engolida pelas lutas gringas. A preocupação, apesar de à primeira vista soar bairrista, tinha razão de ser. Até hoje, são lutas como o boxe americano e o judô japonês que circulam na mídia, nas Olimpíadas, lotando estádios e enriquecendo seus atletas, empresários e patrocinadores.
Lutando incessantemente para que a capoeira fosse reconhecida como a legítima arte marcial brasileira, Mestre Bimba criou a Capoeira Regional, jogo que ganhou este batismo pela aversão do mestre a estrangeirismos, fazendo questão de chamá-la de "Luta Regional Baiana". A Capoeira Regional é um estilo menos ritualístico do que a capoeira tradicional, conhecida como angola.
Os golpes introduzidos por Mestre Bimba facilitavam a defesa pessoal quando do embate com praticantes de outras lutas, como as artes marciais importadas muito populares no Brasil nas décadas de 30 e 40. Nessa época, desafiou todas as lutas e consagrou-se como primeiro capoeirista a vencer uma competição no ringue, quando o público incentivava com o grito de guerra "Bimba é bamba!".
Centenário - O centenário de Mestre Bimba coincide em mês com o aniversário de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, que deu origem ao Dia Nacional da Consciência Negra. Essa dupla de negros valentes batizou o evento Zumbimba, que marcou a inauguração do Centro Educacional Mestre Bimba (CEMB), dedicado aos estudos da capoeira, com sede em Itaboraí, interior do Rio de Janeiro.
"Escolhemos um lugar onde há mato, porque Mestre Bimba gostava de treinar a capoeira de emboscada, técnica na qual o capoeirista se esconde no mato fechado, e quando Mestre Bimba tocava seu apito, todos apareciam de seus esconderijos para surpreender o capoeirista com ponteiras de metal, e este tinha que se desviar dos ataques. Era praticada pelos escravos para facilitar a fuga", explica Mestre Camisa, coordenador da Associação Abadá-Capoeira.
CAPOEIRA, A FILOSOFIA DO CORPO
Manoel dos Reis Machado, Mestre Bimba, como ficou conhecido, foi a liderança mais importante do secular mundo da capoeira no século 20. Podemos dizer, sem sombra de dúvida, que o Mestre Bimba foi o criador da moderna capoeira, hoje marca registrada do Brasil que percorre o mundo todo.
Apesar de tudo, pouco se escreveu de consistente sobre o Mestre Bimba. Esquecido por uns, denegrido por outros, seu legado foi fragmentado entre seus diversos alunos, e sua obra parecia sepultada no silêncio, mesmo dentro do mundo da capoeira.
Por tudo isso, o livro do renomado professor Muniz Sodré guarda o sabor de resgate que há muito se esperava para a obra de alguém que dedicou a vida inteira pela "arte brasileira".
Muniz não fala como um antropólogo ou sociólogo distante. Ele foi aluno em terna idade do Mestre Bimba e pôde comprovar o carisma e a liderança que Bimba tinha sobre seus alunos. Esta presença em corpo e alma na história da Capoeira Regional (a grande criação do Mestre Bimba), faz do depoimento de Muniz um testemunho emocionado e cativante.
O livro começa com o tardio reconhecimento do mundo universitário da Bahia, com o título de Doutor Honoris Causa concedido post mortem ao Mestre Bimba em 1996, apesar de no restante da universidade brasileira a capoeira continuar sendo considerada como "coisa de vagabundo". A partir daí, Muniz navega na grandiosa trajetória do Mestre Bimba, encimando os capítulos com os versos das cantigas de capoeira.
No primeiro capítulo, Muniz tenta identificar a "filosofia do corpo" que se esconde por trás do jogo da capoeira, traduzindo da forma mais direta possível a complexa rede que se oculta na arte da mandiga. Na segunda parte, Muniz se volta para a biografia do Mestre Bimba, mostrando como se confunde com a própria história de Salvador, e mesmo do negro nas primeiras décadas do pós-Abolição. Muniz afirma que Bimba e sua Capoeira Regional representaram um dos grandes momentos de afirmação da nova identidade negra em construção no século 20, conjuntamente com as Escolas de Samba no Rio de Janeiro e a Frente Negra em São Paulo. Nada mais justo.
O terceiro capítulo é um recuo no tempo, uma viagem pela conturbada história da capoeira antiga, com suas tradições regionalizadas - Rio, Bahia, Recife, São Luís, etc.. - e que converge para o aparente beco sem saída onde se encontrou no limiar da virada do século. E é a partir daí que surge a estrela de Mestre Bimba. Muniz é preciso quando define as variedades de estilos dentro da Capoeira Angola: um mais remoto, do princípio do século, que foi acusado de "lento e ineficiente" por Mestre Bimba, e uma outra Angola, esta criada por Mestre Pastinha a partir dos anos 40, de muitas formas paralela e simétrica a Regional de Mestre Bimba.
Novamente Muniz tem a coragem de afirmar o que muitos sabem, mas poucos falam: Mestre Bimba não estava sozinho, ele respirava o debate intelectual sobre a capoeira que emanava do Rio de Janeiro, e estava profundamente integrado ao seu tempo. Importante citar a afirmativa de Muniz de que Mestre Bimba jamais teve um intelectual de porte capaz de dar crédito no mundo dos letrados, e este teria sido um dos fatores explicativos do preconceito que se formou contra o Mestre. Em compensação Bimba foi hábil em conseguir respaldo político, do governador da Bahia Juraci Magalhães ao presidente Getúlio Vargas, o que colaborou fortemente para a descriminalização da capoeira em 1934, tributo que em geral é negado ao Mestre Bimba.
Mestre Bimba foi ainda um dos responsáveis pela consolidação do berimbau como uma das marcas indeléveis da arte da mandiga, na atualidade, já que nos idos da capoeiragem velha do Recôncavo faziam o papel do mestre musical a viola e o pandeiro.
Muniz também toca na face oculta da personalidade de Mestre Bimba: seu lugar nos mistérios do candomblé. Mestre Bimba era ogã (encarregado do atabaque) de uma das vertentes da religião dos orixás mais nebulosas e desconhecidas: o candomblé do caboclo.
O último capítulo é o mais triste, pois narra a lenta agonia do Mestre Bimba, vítima do descaso e do preconceito. Mestre Bimba começou a ser esquecido no exato momento em que os valores da democracia, da liberdade, da cultura e da vontade popular foram varridos pelo regime dos generais instalado em 1964.
Ele ainda viveu uma década, mas o desencanto com a Bahia - fruto deste tempo difícil - foi demais para ele. A ida para Goiânia parecia uma fuga, que afinal terminou com a morte.
Crédito: Carlos Eugênio Libano Soares (Historiador)
Mesmo depois de sua morte, o berimbau é hoje o símbolo maior da Bahia, graças às conquistas de Bimba. Ainda no início do século, uma época em que a capoeira era proibida por lei, ele criou a primeira escola de capoeira do Brasil e foi recebido por chefes de Estado, presidentes e governadores. No final da vida, exilado em Goiânia e esquecido por todos, caiu em depressão e morreu na miséria, enfartando depois de comandar sua última roda de capoeira. Desde 1978, seus restos mortais estão em Salvador, sua terra natal, depois de ter sido enterrado como indigente no estado de Goiás. Deixou 13 filhos, centenas de alunos, milhares de discípulos e um lema: "Capoeira é a arte do bem-viver!".
Descrente com a falta de apoio e reconhecimento á sua arte, Mestre Bimba e família aceita o convite do seu aluno Oswaldo Souza e muda-se definitivamente para Goiás, em busca de uma sociedade que aceitasse e valorizasse sua arte. Porém suas expectativas foram nulas e o  Mestre Bimba veio a falecer no dia 05 de Fevereiro de 1974. 
Em 12 de Junho de  1996, a Universidade Federal da Bahia, concedeu, por unanimidade o título de Doutor Honoris Causa a Manoel dos Reis Machado (Mestre Bimba). 
Manchete do jornal TRIBUNA DA BAHIA em 06/02/1974, um dia após a morte de Mestre Bimba.


BAIANO, VOCÊ SABE QUEM É O HOMEM DESTA FOTO?
Quem passar pelo Pelourinho ou pela Praça Cayru hoje, vai ouvir o som de um berimbau, certamente. Se prestar atenção, vai notar que o som nunca foi tão triste: Um lamento que se espalha pelo ar e toma conta da cidade. Umas poucas pessoas trarão dentro de si, também, um lamento. Muitas, porém, não vão entender o porque da tristeza do berimbau. É que a grande maioria não sabe quem é e nem o que representou para a Bahia o homem da foto acima. Outros sabiam, se omitiram durante muito tempo e a partir de hoje estarão dizendo que ele é uma das glórias eternas da Bahia.
Baiano, você sabe quem é o homem da foto acima? Ele morreu ontem em Goiânia e sua mulher não quer que o corpo seja sepultado na Bahia.
                   A VERDADEIRA CAPOEIRA

Mestre Pastinha e Mestre Bimba são considerados hoje os maiores nomes da história da capoeira em todo mundo.
Vale ressaltar que a capoeira regional gerou uma polemica muito grande no mundo da capoeira, vez que muitas pessoas entenderam que o Mestre Bimba havia criado, descaracterizava as tradições da luta.
Nos anos 30 iniciou-se um debate que temos certeza vai durar por muitos anos sobre o que é a verdadeira capoeira e que modificações podem ser introduzidas sem desrespeitar os princípios e tradições da luta.
Através do Mestre Bimba a capoeira começa a ganhar espaço na sociedade.
Mestre Bimba ganhou apoio de muita gente inclusive de estudantes universitários que em muito contribuíram para sistematização de suas idéias e para a formação de seu método de ensino.
Em 1932, Mestre Bimba criou a primeira academia de capoeira.
(Centro de Cultura Física e Luta Regional da Bahia) ensinou capoeira em quartéis e chegou á apresentar uma roda de capoeira, para o então Presidente da República Getulio Vargas , em 1953.
Obs.: sem dúvida que o governo de Getulio Vargas tinha vários planos para neutralizar as centrais e sindicatos como forma de controlar os trabalhadores e descentralizar as centrais sindicais, é neste momento que a capoeira entra em cena e se firma para toda uma eternidade.

Fonte: Associação de Capoeira Mestre Bimba

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Capoeira Angola Poesia



Poesia, assim pode ser descrito esse video realizado pelas mulheres da academia do Mestre João Pequeno, percebe-se dois tipos de poesia a poesia falada e a poesia expressada corporalmente, com certeza um trabalho muito bem realizado, que mostra mais uma possibilidade de utilização da capoeira, que ainda é pouco visada. Um trabalho de curta metragem muito bem realizado que vale a pena conferir, com boa fotografia, roteiro e o cenario perfeito além das capoeiristas que deram um show. Arte Pura = Capoeira  

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Capoeira Adaptada



Trabalho bonito de se ver, será que quando o Mestre Bimba criou a capoeira regional, ele visionava que a capoeira futuramente serviria para a diminuir as diferenças entre as pessoas ditas "normais" e as pessoas ditas "deficientes", trabalhos como esse me fazem ver o quanto a capoeira é rica e viva capaz de se adaptar as mais diversas possibilidades de ensino e aprendizagem, o capoeirista de hoje percebeu que cada vez mais precisa se capacitar procurando mostrar o verdadeiro valor de sua arte, de seu trabalho, de sua cultura as vezes tento imaginar como será a capoeira daqui a 20 anos, como estarão as metodologias de ensino em todos os âmbitos de aprendizagem da capoeira, como estará as politicas pública de incentivo, preservação dessa arte genuinamente brasileira.
Acredito muito em trabalhos como esses, me emocionam a ponto de perceber o quanto a capoeira é uma arte diferenciada, trabalhos como esse me incentivam a continuar minha caminhada com perspectivas de que apesar de ter muitos pseudoscapoeirstas o caminho que ta sendo trilhado  nos levará ao êxito e principalmente deixando a capoeira em seu lugar, lugar esse que pertence a todas as manifestações que contribuem para o desenvolvimento social de forma saudável. Iê viva a Capoeira camará... 

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Mestre Gato Preto



José Gabriel Góes nasceu em Santo Amaro da Purificação, a 19 de março de 1929. Começou na Capoeira aos oito anos de idade, e nunca se formou em Capoeira, por convicção. "A capoeira nunca pára", diz ele. Sempre foi um excelente capoeira, dono de agilidade incomum. Conviveu com grandes expoentes da Capoeira. Desde 1966, quando integrou a delegação brasileira no Premier Festival International des Arts Nègres, em Dakar (Senegal), tornou-se um embaixador itinerante da Capoeira, tendo visitado muitos países e transmitido seus conhecimentos. Foi consagrado em algumas obras de Jorge Amado. Um dos mais requisitados tocadores de berimbau de toda a Bahia, Mestre Gato Preto é uma das figuras mais queridas no universo da Capoeira, graças à grandeza de seu caráter.